Vivo ou morto?

“E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” Apocalipse 3.1.
O Espírito Santo me conduziu à meditação nesse texto sob o entendimento de que a igreja de Cristo possui o nome do seu Senhor. Não é nenhum equívoco dizer que nós (filhos de Deus) somos habitação do Deus Altíssimo, essa afirmação é verdadeira porque somos o templo do Deus vivo – 2 Coríntios 6.16 “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. Mas é possível ter o nome de que vivo e estar morto?
O registro bíblico de um dos mais belos exemplos de aliança abençoada por Deus no livro de Rute pode nos trazer esta compreensão. Esse livro conta a história de uma mulher chamada Noemi, ela era casada com um homem de Judá chamado Elimeleque com quem teve dois filhos: Malom e Quiliom. Como houve uma grande fome na terra de Judá, Elimeleque junto com sua família vai peregrinar na terra de Moabe onde morrem ele e, dez anos mais tarde seus dois filhos, ficando Noemi e suas duas noras moabitas Rute e Orfa viúvas.
Precisamos considerar o seguinte aqui: Noemi era uma mulher israelita, agora viúva e peregrina em terra estrangeira, acompanhada de suas duas noras igualmente desamparadas. Mas que relação há entre este fato e o texto lido em Apocalipse? Observe que Noemi era natural de Belém de Judá e, somente a declaração da sua nacionalidade revelava que ela fazia parte do povo que carrega o nome do Deus Vivo e Todo-poderoso. Porém, Noemi demonstrava à suas noras não possuir sonhos que a inspirassem a prosseguir com esperança – Rute capítulo 1.11: “Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos? 12 Voltai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda tivesse filhos, 13 Esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do SENHOR se descarregou contra mim. 14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela”. Ela não somente havia perdido seu marido e filhos, mas a sua própria vida estava vazia de propósito – 20 “Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. 21 Cheia parti, porém vazia o SENHOR me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O SENHOR testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal”.
Será que nós já não caímos nessa tentação de murmurar contra o Senhor? Quando reclamamos da perda das condições favoráveis e de benefícios da nossa vida e passamos a argumentar com Deus sobre a nossa sorte? Como, insistentemente, queremos demonstrar essa angústia e, entrelinhas, responsabilizar a Deus por nossa dor. Quando a amargura encontra um lugar na alma do homem para residir, ela sufoca a sua identidade e a sua natureza - “Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele...” Provérbios 23.7a.
Diante da lembrança feita por Noemi de que Rute estava livre de toda a sua obrigação como esposa, Rute demonstrou que a aliança realizada com seu falecido esposo incluía, agora, não só permanecer junto a sua sogra, como concordar em fazer parte do seu povo e aceitar O Deus de Israel como o seu único Deus, O Deus de quem dependia a sua própria vida. Sempre nos alegramos com os exemplos de fidelidade e submissão de Rute, mas o seu compromisso não findou nas palavras do versículo dezesseis - 16 “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; 17 Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti”. Ela encerrou esse compromisso com juramento em Nome do Senhor, de que preferia morrer a esquecer-se da aliança assumida.
Resumindo, ainda que nós não saibamos qual era o entendimento do coração de Rute, ao tomar a decisão de permanecer com sua sogra sem nenhuma obrigação; creio pela fé que antes de pensar no preço do sacrifício da sua própria vontade, Rute alegrava-se na obediência à aliança que era maior do que qualquer homem. Ela fez aliança com Deus e casou-se novamente com Boaz, parente de seu falecido sogro, por quem foi redimida (Rt 3.13), concebeu um filho que se chamou Obede – que significa servo, Obede foi o pai de Jessé e avô do rei Davi, sendo assim, Rute é chamada na linhagem do próprio Messias.
Concluindo, para sermos chamados de filhos de Deus é necessário nos arrependermos e sermos corrigidos dos nossos erros, crer e confessar o Nome do Senhor Jesus Cristo declarando que morremos para o mundo – Apocalipse 3.2 “Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. 3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei”. Tomar posse de que por Sua morte e ressurreição Cristo nos concedeu a herança de uma nova natureza e um novo nome - 4 “Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso. 5 O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. 6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Glórias a Deus!
(Pastor Alexnadre França)